MICHELANGELO PISTOLETTO, REPRESENTANTE DA ARTE POVERA CHEGA A BUENOS AIRES PARA ENCONTRO BIENALSUR
O notável artista italiano vai dialogar com o público no dia 30 e visitará cenários para sua próxima exposição na Argentina.
O italiano Michelangelo Pistoletto, um dos expoentes máximos da Arte Povera (arte pobre) estará em Buenos Aires a convite da Universidade Nacional Tres de Febrero para dar uma palestra no dia 30 de outubro na sede da Reitoria da UNTREF (Juncal 1319 às 18 : 30) e explorar espaços da cidade que serão intervindos por ele durante a Bienal de Arte Contemporânea da América do Sul (BIENALSUR 2019).
O artista que prolonga a pintura ao âmbito do happening e da ação cênica é um reflexo fiel do movimento artístico de vanguarda que integrou na década de 1960, que fez da fisicalidade da realidade uma obra de arte e, por sua vez, uma arte democrática, a fim de transformar a sociedade com o uso de materiais orgânicos e industriais que revelam os conflitos entre o natural e o artificial.
Segundo a sua ideia de que a heterogeneidade é necessária para evitar qualquer tipo de typecasting empobrecedor, Pistoletto geralmente usa materiais cotidianos em suas obras, como tecido, madeira, papelão ondulado e principalmente espelhos.
O artista, que visitará Buenos Aires pela primeira vez, exibiu anteriormente na Argentina "Divisão e multiplicação do espelho", uma instalação composta por sete esculturas de grande formato, parte de uma série que começou em 1973.
Sobre o uso recorrente de espelhos em seu trabalho, ele disse recentemente: "Estamos em um momento realmente dramático para a evolução humana. As coisas são ditas através dos espelhos. Os espelhos mantêm as coisas e algumas delas têm a ver com a realidade do que está acontecendo, mas não de uma maneira premeditada. É necessário analisar nosso tempo passado para nos situar no presente e ser capaz de imaginar ou vislumbrar nosso futuro. No espelho, a Humanidade olha para si mesma com a perspectiva de um espelho retrovisor, como se estivesse examinando tudo o que fez ao longo do tempo e da história. Alguém escreveu que o espelho no meu trabalho é uma metáfora da história que nos ensina tudo o que está atrás e nos força a considerar o espaço e o tempo que se estendeu atrás de nós”
Desde 1955, Pistoletto não parou de expor e de atrair atenção. Dois dos seus momentos mais memoráveis são: a Bienal de Veneza de 2009, onde ele fez uma performance em que quebrou uma série de grandes espelhos com um grande martelo, emoldurados como se fossem pinturas em um museu. O trabalho, chamado "Twenty-two less two" ("Vinte e dois menos dois"), captou, como poucos, a essência do título da 53ª Exposição Internacional de Arte de Veneza: Fare Mondi (Criar Mundos). Em 2013, no Louvre, a galeria mais visitada do mundo, ele se tornou o primeiro artista convidado a trabalhar na pirâmide de vidro do museu, obra do arquiteto I.M. Pei. No pátio Napoleão, ele instalou uma das suas marcas de autor: um enorme símbolo de espelhos com um traço semelhante ao que representa o infinito, mas com três anéis que ele chamou de "Terceiro Paraíso". Ao mesmo tempo e na mesma sala onde a pintura mais famosa de Da Vinci é exposta, ele exibiu seu "Ragazza che fotógrafa”, uma de suas famosas pinturas-espelhos dos anos sessenta que mostra um turista tirando uma fotografia, um aceno para os milhares de turistas que diariamente imortalizam a Mona Lisa com suas câmeras e telefones celulares
O criador italiano, hoje com 85 anos, abriu em 1998 em Biella, sua cidade natal, a Fundação Pistoletto Cittadelarte, cuja missão é produzir uma mudança responsável na sociedade.
Suas obras fazem parte das coleções dos principais museus de arte moderna e contemporânea, incluindo: MoMA, Nova York; Museu Guggenheim, Nova York; Tate Modern, Londres; Museu Reina Sofia, Madrid; MACBA, Barcelona; Beaubourg, Paris; Galeria Nazionale d'Arte Moderna, Roma; Museu de Arte Contemporânea, Seul; Museu Hirshhorn e Jardim de Esculturas, Washington; Museo d'Arte Contemporanea, Rivoli; entre muitos outros.
